Pedro Mexia, Sérgio Godinho e dois finalistas do Man Booker Prize 2016 entre os convidados da Rota das Letras

6
Fev

Pedro Mexia, Sérgio Godinho e dois finalistas do Man Booker Prize 2016 entre os convidados da Rota das Letras

Os finalistas de 2016 do Man Booker Prize, Madeleine Thien e Graeme Macrae Burnet, são convidados do Festival Literário de Macau – Rota das Letras. O músico e compositor Sérgio Godinho chega para um concerto intimista e lançamento do seu primeiro romance, “Coração Mais que Perfeito”. A 6ª edição do maior e mais vibrante evento literário de Macau realiza-se entre 4 e 19 de Março.

O escritor chinês premiado internacionalmente, Yu Hua, e o australiano Brian Castro, nascido em Hong Kong e com ascendência portuguesa, chinesa e inglesa –  considerado um dos escritores mais imaginativos no país que o acolheu – são apenas dois dos reconhecidos autores que participarão no Festival Literário de Macau – Rota das Letras. Os finalistas de 2016 do Man Booker Prize, Madeleine Thien – filha de imigrantes chineses-malaios e uma das romancistas mais conceituadas do Canadá – e Graeme Macrae Burnet, um dos talentos literários mais brilhantes da Escócia, vencedor do prémio Scottish Book Trust New Writer, em 2013, figuram também na lista de convidados do Festival Literário de Macau.

Seis anos após a sua estreia, o Festival cresceu em tamanho, conteúdo e alcance, continuando a centrar-se na literatura em chinês e português, mas contando também com a presença de proeminentes escritores e criadores de todo o mundo.

“O Festival Literário de Macau tornou-se um dos principais eventos culturais da região, reunindo pessoas de muitas nacionalidades que gostam de literatura e proporcionando-lhes a oportunidade de interagirem de forma amigável com autores de renome mundial”, diz Ricardo Pinto, Director do Festival.

Yu Hua, autor do romance épico To Live (1992) e de Brothers (2010), é aclamado como “a voz mais profunda que chega hoje da China” e é um dos romancistas chineses internacionalmente reconhecidos a marcar presença no Festival deste ano. To Live foi adaptado ao cinema pelo realizador chinês Zhang Yimou, em 1994, o que contribuiu para tornar o romance um bestseller e Yu Hua uma celebridade mundial. As obras de Yu Hua estão traduzidas em mais de 30 idiomas. Em 2013 Yu Hua começou a escrever artigos de opinião para o jornal norte-americano New York Times.

A lista de convidados da Rota das Letras inclui a icónica escritora chinesa de literatura infantil contemporânea e uma das mais representativas da actualidade, Qin Wenjun. A autora publicou 80 livros desde 1982, e muitas dessas histórias atingiram grande popularidade em escolas um pouco por toda a China.

O público terá a oportunidade de ouvir e interagir com outros autores de reputação internacional, como Zhang Yueran, que nasceu em 1982, em Jinan, província de Shandong, e começou a escrever aos 14 anos. Zhang Yueran é considerada uma das jovens escritoras mais influentes da China. Em 2012 foi incluída na lista dos 20 maiores escritores com menos de 40 anos pela revista Unitas. A autora dirige a revista Newriting desde 2008.

Entre os reconhecidos autores chineses convidados pelo Festival encontram-se também Ouyang Jianghe, um dos expoentes do Movimento de Nova Poesia Chinesa desde a década de 1980. É crítico de música, de arte e de literatura e director da equipa editorial da revista literária Jintian (“Today”). Também nesta categoria estão btr – escritor e crítico de cinema, de arte e de literatura a viver em Xangai, tradutor da obra do americano Paul Auster A Invenção da Solidão (2008) – e Wang Jiaxin, reconhecido não só pela sua poesia, mas também pelos ensaios.

Outro dos convidados é Liu Waitong, que nasceu em Guangdong, em 1975, e migrou para Hong Kong, em 1997. Através da poesia, Liu Waitong reflecte sobre o passado e o presente da China Continental e de Hong Kong. Também de Hong Kong vem Dorothy Tse – a autora premiada de So Black e co-fundadora da revista literária de Hong Kong Fleurs de lettres –; e, Xu Xi, autora indonésia de etnia chinesa criada em Hong Kong, com vários romances publicados, entre eles That Man In Our Lives (2016.)

O Festival dá as boas-vindas a Lo Yi-Chin, autor de livros de ficção e de poesia que surgem regularmente entre os mais recomendados nas revistas literárias de Taiwan. Entre os galardões que já lhe foram atribuídos estão um primeiro prémio de ficção, China Times Literary Awards, e o Taipei Literary Annual Award. Uma das suas obras mais relevantes é Far Away, agora a ser traduzida para inglês. Neste livro o autor fala sobre o quanto os chineses de Taiwan e do Continente têm em comum permanecendo, no entanto, divididos em muitos aspectos.

Também de Taiwan é Chen Li, autor premiado de vários livros de poesia e aclamado pelos críticos literários como um dos melhores representantes da poesia chinesa contemporânea. Com a mulher, Chang Fen-ling, traduziu mais de 20 volumes de poesia para chinês, incluindo as obras de Sylvia Plath, Pablo Neruda e Octavio Paz. Wang Cong-wei, de Taiwan e director da Unitas, é outro dos convidados proeminentes que participam no Festival.

 

Festival Literário aborda a crise dos refugiados e da migração e explora o significado de multiculturalismo e de “mistura cultural”

Na edição deste ano, o Festival Literário de Macau deseja atrair a atenção do público para questões preocupantes da actualidade mundial.

“O Festival apresentará autores e filmes que abordam algumas das questões mundiais mais críticas em matéria de direitos humanos, incluindo o tema dos refugiados e das crises migratórias”, diz Hélder Beja, Director de Programação do Festival.

A Rota das Letras recebe Sanaz Fotouhi, escritora iraniana-australiana, Directora-Geral da Asia Pacific Writers & Translators (APWT).  A autora co-produziu o documentário Love Marriage in Kabul e trabalhou em produções no Irão e no Afeganistão, incluindo o premiado Hidden Generation: Story of women self-immolation in Afghanistan. Também publicou o livro The Literature of the Iranian Diaspora: Meaning and Identity Since the Islamic Revolution.

Clara Law, nascida em Macau e a viver na Austrália desde os anos 1990s, apresentará o documentário Letters to Ali (2004), a história de um rapaz afegão que busca asilo na Austrália. O produtor, escritor e guionista Eddie Fong vai igualmente marcar presença no Festival.

A experiência de crescer num contexto multicultural será abordada por autores cuja herança cultural difere do ambiente em que foram criados ou em que vivem actualmente.

Nascido em Hong Kong, mas de ascendência portuguesa, chinesa e inglesa, o escritor e ensaísta australiano Brian Castro é reconhecido pelo uso brilhante da linguagem na sua prosa com estilo próprio. A sua obra tem recebido a aclamação da crítica e já ganhou muitos dos principais prémios literários na Austrália.

Também participam no Festival a escritora, poeta e ensaísta de Goa, Jessica Faleiro, o autor curdo Ciwanmerd Kulek, e a sul-coreana Krys Lee, autora de Drifting House e How I Became a North Korean.

 

Festival abre portas para o mundo da banda desenhada

O Festival decidiu este ano explorar o género da banda desenhada (BD), possibilitando ao público uma primeira incursão pela BD ou, para os leitores já familiarizados, uma oportunidade de expandir gostos e horizontes. Vários autores de BD – de França, Portugal, Austrália e China – marcarão presença na Rota das Letras.

A edição deste ano receberá nomes como Philippe Graton – fotógrafo, escritor e autor de BD, que decidiu relançar a série com a personagem Michel Vaillant, criada pelo seu pai. Jean Graton, em 1957 – e Clément Baloup, filho de mãe francesa e pai vietnamita, e autor de Mémoires de Viet Kieu, obra centrada nas questões da migração asiática.

Nascido na Austrália, mas com origens na Tailândia e no Laos, Oliver Phommavanh, autor de Thai-Riffic! e Con-Nerd, publicou livros baseados na sua experiência de crescer numa família imigrante em Sydney, e é visto como “uma voz fresca e positiva do multiculturalismo”.  De Shenzhen, China, vem o ilustrador de banda desenhada Ziyuan Wu, também conhecido como Dick Ng, famoso pelo sentido de humor absurdo presente nas suas tiras de BD.

O programa do Festival inclui a presença do músico, cineasta e autor de banda desenhada Filipe Melo. O escritor realizou a curta-metragem I’ll See You in my Dreams, que ganhou 12 prémios, e é autor da trilogia As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy, uma série de livros de banda desenhada publicados pela Dark Horse Comics. Trabalha frequentemente com os artistas argentinos Juan Cavia e Santiago Villa.

A edição deste ano apresenta ainda nomes reconhecidos internacionalmente como o norte-americano Benjamin Moser, escritor e tradutor, autor de Why This World: A Biography of Clarice Lispector, finalista do National Book Critics’ Circle Award. De Hong Kong, o Festival traz também os autores ali estabelecidos Peter Gordon, Juan José Morales e James Shea. Da Suíça chega o convidado Daniel de Roulet, um romancista que vem escrevendo extensamente sobre o Japão.

A Rota das Letras dá as boas-vindas a Grace Chia, escritora de Singapura com vários livros publicados, incluindo o romance The Wanderlusters, a colectânea de histórias Every Moving Thing That Lives Shall be Food e as colecções de poesia Womango e Cordelia. É também fundadora do primeiro jornal literário online feminino de Singapura, Junoesque. Chia será a primeira escritora em residência na Universidade de Macau (UM), uma iniciativa lançada este ano pelo Departamento de Inglês da UM, em cooperação com o Festival Literário de Macau (ver detalhes abaixo).

A neozelandesa Hannah Tunnicliffe, que viveu anteriormente no Canadá, Austrália, Inglaterra e Macau, é autora de vários romances, o primeiro dos quais The Colour of Tea, passado em Macau. A escritora é também fundadora e co-autora do blog Fork and Fiction.

 

Festival Literário acolhe o lançamento na Ásia de primeiro romance do aclamado músico e compositor português Sérgio Godinho

O poeta, compositor e cantor português Sérgio Godinho – uma das vozes e músicos mais influentes no seu país nos últimos 40 anos – apresentará o seu primeiro romance Coração Mais que Perfeito no Festival Literário de Macau.

Pedro Mexia, proeminente poeta, escritor, tradutor, crítico literário e comentador político português, é convidado pelo Festival para falar sobre o seu trabalho. Henrique Raposo, escritor e colaborador regular da imprensa portuguesa, irá juntar-se a José Manuel Rosendo, autor de dois livros e correspondente de guerra, que cobriu os conflitos no Médio Oriente e noutras regiões, para debater o tema dos refugiados, da migração e do terrorismo.

Macau acolherá também Bruno Vieira Amaral, vencedor do Prémio José Saramago e considerado pela Literature Across Frontiers como uma das Novas Vozes da Europa e um dos “10 escritores mais interessantes da literatura europeia actual”. O Festival recebe ainda os romancistas de ficção histórica João Morgado e Raquel Ochoa. Esta autora apresentará um livro sobre o arquitecto Manuel Vicente, com vasta obra realizada em Macau.

O jornalista e romancista que mais livros vendeu em Portugal na última década, José Rodrigues dos Santos, regressará a Macau para a Rota das Letras. As vendas mundiais do autor português superam os três milhões de cópias, alcançando a posição nº1 em listas de bestsellers de vários países.

O vencedor de 2016 do Prémio Literário UCCLA – Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa, o autor João Nuno Azambuja, com a obra Era uma vez um Homem, também vai marcar presença no Festival. Azambuja vem a Macau para participar no Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, organizado pela UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa), em cooperação com o Festival Literário de Macau (ver detalhes abaixo). Também de Portugal vem o poeta António MR Martins.

De Cabo Verde, o festival acolhe o autor e actual Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente; da Guiné-Bissau chega o romancista Abdulai Silá. A autora nascida em Angola, Djaimilia Pereira de Almeida, é igualmente convidada do evento.

 

Konstantin Bessmertny entre os autores locais que participam em sessões literárias

Escritores e artistas locais de Macau vão também estar em destaque e visitar escolas e universidades, bem como marcar presença nas sessões públicas do Festival.

O público terá uma oportunidade única de interagir com um dos mais célebres e internacionalmente reconhecidos artistas de Macau, o russo Konstantin Bessmertny, que é convidado pelo Festival a participar numa sessão literária. Também convidados do Festival são o professor, biógrafo e escritor José Manuel Simões; a especialista em literatura portuguesa e estudos pós-coloniais Inocência Mata; o poeta, romancista e colunista Rai Matsu; o vencedor de vários prémios literários Lawrence Lei e o director do Macau Literary Medley Eric Chau.

O Festival Literário de Macau apresenta ainda as exposições individuais do artista plástico australiano, natural de Hong Kong, John Young, e do criador local Wong Ka Long, cujas obras são inspiradas no poeta português Camilo Pessanha.

Em 2017, a personagem Michel Vaillant festeja 60 anos e Philippe Graton inaugurará em Macau uma exposição para mostrar algumas das pranchas originais do álbum Rendez-vous à Macao (1983). Graton vai apresentar também o seu trabalho enquanto fotógrafo.

O programa da 6ª edição da Rota das Letras inclui os concertos do músico e compositor Sérgio Godinho (15 de Março, no Venetian Theatre) e da cantora taiwanesa Christine C.C. Hsu (16 de Março, no Venetian Theatre). A companhia de teatro DEMO (Dispositivo Experimental, Multidisciplinar e Orgânico) vai também actuar num dos locais históricos mais emblemáticos de Macau, a ser anunciado em breve, com um espectáculo inspirado no poeta Camilo Pessanha.

 

Rota das Letras associa-se à Universidade de Macau em Programa de Escritores em Residência

A edição deste ano do Festival Literário de Macau celebra o início de uma nova iniciativa: um Programa de Escritores em Residência organizado em parceria com a Universidade de Macau (UM) e o seu Departamento de Inglês. A escritora de Singapura Grace Chia é a primeira autora a participar neste projecto de duas semanas, destinado a promover o desenvolvimento das competências criativas e de escrita dos estudantes universitários.

O Festival Literário de Macau – Rota das Letras deseja que o Programa de Escritores em Residência continue de forma regular, em parceria com a UM, trazendo à cidade autores de qualidade e de vários países, e proporcionando aos alunos novas oportunidades de aprendizagem.

 

Festival Literário de Macau coopera com Encontro de Escritores de Língua Portuguesa e com o novo Morabeza – Festival Literário de Cabo Verde

O Festival Literário de Macau – Rota das Letras, em parceria com a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), acolhe o Encontro de Escritores de Língua Portuguesa. Esta cimeira literária já vem sendo organizada desde há sete anos, tendo sido lançada em 2010, em Natal, Brasil, realizando-se depois em diferentes países, incluindo Angola, em 2015, e Cabo Verde, em 2016. Este ano terá lugar em Macau. Ambas as organizações colaboraram no convite a alguns dos autores de língua portuguesa que visitam Macau este ano.

A 6ª edição da Rota das Letras também materializa uma parceria com o novo Morabeza – Festival Literário de Cabo Verde, que terá a sua edição inaugural no último trimestre de 2017, na Cidade da Praia. Esta parceria prevê que todos os anos um autor de Macau participe no evento literário de Cabo Verde e vice-versa. O escritor e actual Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, será o convidado cabo-verdiano a integrar o programa da Rota das Letras este ano.

 

SOBRE O FESTIVAL LITERÁRIO DE MACAU

A 6ª edição do Festival Literário de Macau – Rota das Letras realiza-se de 4 a 19 de Março de 2017 e terá como sede o Edifício do Antigo Tribunal – uma estrutura de valor arquitectónico e artístico construída em 1951, localizada no centro da cidade –, onde terá lugar uma feira do livro que permanecerá aberta ao longo de todo o evento. Uma nova antologia da colecção Contos e Outros Escritos sobre Macau, publicada em três idiomas (chinês, português e inglês), será lançada durante o Festival.

O Festival Literário de Macau – Rota das Letras foi fundado em 2012 pelo jornal local Ponto Final – um diário que celebrou em 2016 o seu 25º aniversário – e está sediado na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM). O Festival começou como o primeiro e maior encontro de literatos da China e dos Países de Língua Portuguesa alguma vez organizado no mundo. Nos últimos anos, o Festival ganhou popularidade, tornando-se num evento internacional que acolhe escritores, editores, tradutores, jornalistas, músicos, cineastas e artistas plásticos de diversas geografias e nacionalidades. A edição de 2016 do Festival Literário de Macau reuniu autores de 12 nacionalidades, incluindo o escritor norte-americano Adam Johnson, que ganhou o Pulitzer pelo seu romance de 2012 The Orphan Master’s Son. Em 2017 o Festival reúne convidados de mais de 20 regiões e países, entre eles dois finalistas do Man Booker Prize 2016.

O Festival Literário de Macau – Rota das Letras conta com o apoio do Governo da RAEM e da Fundação Macau, bem como de várias entidades privadas, incluindo o Patrocinador Platina do evento: a SJM – Sociedade de Jogos de Macau. Várias empresas privadas, associações locais, escolas e universidades apoiam igualmente a Rota das Letras. As Missões Diplomáticas de alguns dos países representados por escritores presentes no Festival também prestaram o seu apoio à Rota das Letras.